RAFA ÉIS
MINIBIO
É filho de Vera e de Jorge, pai de Vicente, artista-correria, educador, curador, ilustrador e tatuador. Licenciado em artes visuais pela UFRGS (2012) e mestre em processos artísticos contemporâneos pela UERJ (2017), trabalha com desenho, objetos, tatuagem, ações relacionais e performáticas como gestos de invenção de si. Desde 2007 colabora com projetos pedagógicos de diversas instituições dedicadas às artes visuais, com destaque para ações de concepção e realização de formação de mediadores e professores na Bienal do Mercosul de Artes Visuais (RS), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ) e formação de artistas em duas edições da Elã/Galpão Bela Maré (Rio de Janeiro).
Realizou as mostras individuais Gestos de invenção de si (2016) na Galeria da Passagem da UERJ e Desdenhos (2010), no Espaço Cultural 512 (Porto Alegre).
Seu trabalho participou de coletivas em espaços como Paço Imperial (Rio de Janeiro), Galeria de Arte da UFF (Niterói, RJ), Centro Cultural Pequena África (Rio de Janeiro), Centro Cultural CCEE Érico Veríssimo (Porto Alegre), Galpão do Espaço Vila Flores (Porto Alegre), Fundação ECARTA (Porto Alegre) e Casa de Cultura Mário Quintana (Porto Alegre).
Atualmente é responsável pela área de artes visuais das oficinas artísticas da Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Coart-Uerj).
PROPOSIÇÕES
Residência na Secretaria Municipal de Cultura
A terceira edição da RASP propõe, pela primeira vez, a atuação paralela de dois artistas dentro da mesma instituição pública. Anna Costa e Silva e RafaÉis trabalham desde o fim de 2021 na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, com propostas individuais e coletivas.
Buscando se aproximar e estabelecer laços com as/os profissionais da SMC, RafaÉis e Anna desenvolveram, cada um a sua maneira, proposições artísticas de construção de proximidade. A proposta de chegança de RafaÉis toma o desenho como principal ferramenta ativadora de encontros, o artista comenta sobre esse momento:
“Na sala de coordenadorias de equipamentos culturais há uma mesa reservada para mim e Anna. Após um breve oi para os poucos funcionários que ali estavam, sento-me à mesa para desenhar o espaço, paro para desenhar a sala. Faço um desenho. Na sequência, começo a desenhar as pessoas. No encontro das imagens, dos desenhos feitos ali rapidamente com as pessoas que são retratadas em seu ambiente de trabalho, começa a emergir e circular uma forma de relação. O desenho – prática que me acompanha há muito tempo – surge como ferramenta para ver e torna-se uma ferramenta de produção de encontro”
Proposição 1
CHEGANÇA E RETRATOS
A execução dos retratos desperta a curiosidade as/os servidoras/es e propicia brechas para os encontros que o artista buscava. Durante o processo, conversas com duração variável entre 5 a 20 minutos passam a ser estabelecidas entre RafaÉis e a pessoa retratada. Se inicialmente o gesto despertado pelo desenhar do artista abriu um campo de curiosidade e disponibilidade de presença partilhado por alguns servidores nas salas da Secretaria, agora foram as conversas despertadas a partir desses encontros que influenciaram o gesto/traço do artista, como afirma em trecho seguinte:
“Por vezes desenhei as pessoas em suas mesas de trabalho, em outras os retratos foram feitos em qualquer sala disponível. O tempo costuma ser breve, conforme a disponibilidade da pessoa retratada. Costumam variar entre 5 e 20 minutos. Na maior parte das vezes a conversa dá o ritmo das linhas quando corro o risco desenhando, mas também ocorre da pessoa estar compenetrada em sua missão sem conseguir conciliar a atenção ao trabalho e a emissão de palavras ao mesmo tempo. […]. Os desenhos surgem escutando as pessoas, mesmo nas raras vezes em que a conversa não pôde chegar. Todos os desenhos são entregues às pessoas retratadas. Guardo o afeto, os aprendizados e uma imagem do retrato junto a pessoa retratada.”
Proposição 2
SECRIA
O SECRIA (Setor de Criações Artísticas) é um projeto de Anna Costa e Silva e Rafa Éis com a Secretaria Municipal de Cultura, e consiste na criação de um setor dentro do espaço físico da SMC no CASS.
O projeto surgiu através da experiência dos artistas com o ambiente e com profissionais da cultura nos primeiros meses de residência e se desenvolverá com ações artísticas colaborativas ao longo do ano de 2022.
Com o SECRIA buscamos contemplar e fortalecer as propostas artísticas dos artistas em residência e do grupo de pessoas que trabalham na Secretaria de Cultura.
A CONSTRUÇÃO DO PROJETO
Durante os primeiros meses de residência, Anna Costa e Silva e RafaÉis observaram nos encontros com servidoras/es que grande parte delas/deles têm vínculos com a criação artística. Mobilizados por essas conversas, Anna e Rafa junto de profissionais da SMC passam a articular a criação de um espaço dentro da Secretaria que promovesse a criação e compartilhamento artísticos.
Ao longo do processo de trabalho, Rafa e Anna observam como os Desenhos de Chegança e as Brechas Afetivas (projeto de Anna para iniciar a residência) se encontravam, nesse mesmo desejo de escuta e de afeto, de conhecer melhor as pessoas que trabalham na SMC para além das funções que exercem. O SECRIA teve sua abertura com um Sarau, em que todas as pessoas que trabalhavam na SMC foram convocadas, e diversos servidores se apresentaram.
SARAU SECRIA
Um sarau foi organizado para celebrar a inauguração do Setor de Criações Artísticas. O evento teve como principal objetivo contemplar e fortalecer as propostas artísticas dos artistas em residência e do grupo de pessoas que trabalham na Secretaria de Cultura.
O Sarau marcou um momento de partilha coletiva do fazer artístico. As propostas, anteriormente dirigidas pelos artistas residentes, passaram também a ser lançadas pelos servidores, que atuam no espaço do SECRIA enquanto artistas propositores, em horizontalidade com Anna e Rafa.
O Sarau foi realizado mensalmente em parceria com as/os servidores, que inscrevem apresentações para compor a programação.
Cineclube:
Os cineclubes aconteceram quinzenalmente intercalados com a realização dos sarais. A proposta foi exibir curta-metragens de servidores ou pessoas próximas que possibilitem um debate após a exibição.
Proposição 3
FORMAS DE RESPIRAR
Uma ação-programa entre práticas artísticas e práticas de cuidado
por Rafa Éis e Thaís Ayomide
Formas de respirar é uma ação que vincula roda de conversa, práticas de cuidado em saúde mental e práticas de arte. Criada por Rafa Éis e Thaís Ayomide, Formas de respirar contou com a colaboração de Anna Costa e Silva e Diego Soares e a participação de diversos profissionais da SMC-Rio. A ação foi realizada como trabalho final do período de residência artística de Rafa Éis na Secretaria Municipal de Cultura da cidade do Rio de Janeiro por meio da Residência Artística Setor Público (RASP) e partiu do seguinte programa:
- DIA 07/10 Respirar uma conversa aberta
Encontro envolvendo exercícios de respiração e conversa aberta em torno de saúde mental. - DIA 21/10 Estratégias para respirar melhor
Conversa com Diego Soares (psicólogo, escritor e artista visual) - DIA 28/10 Asfixia: a materialização da angústia Práticas integradas de corpo, desenho, escrita e relação que visam criar um espaço acolhedor para a olharmos nossas angústias e criar contornos para as sensações de asfixia.
- DIA 04/11 Oxigênio: a materialização da respiração Encontro de criação de imagens através de um ensaio fotográfico onde os participantes performam práticas poéticas de respirar.
O programa partiu do encontro das experiência e das trocas com seus participantes e direcionou o olhar para a pandemia psicológica que se instaura e se dissipa desde a chegada da COVID-19, em meio às políticas de asfixia generalizada no mundo e no Brasil – seja pela falta planejada de cilindros de oxigênio, pela fumaça das queimadas, pelas crises de pânico e ansiedade, pelas transformações nas relações de trabalho e nos modos de sociabilidade ou pela brutalidade policial.
Como um espaço possível de respiração e acolhimento, esse conjunto de gestos se propôs como um dispositivo de escuta, mapeando nossos respiros e asfixias cotidianas, partilhando repertório para cuidar de nossa saúde mental e criando imagens e registrando palavras buscando uma forma para dar conta da experiência ainda talvez pouco nítida nos enfrentamentos recentes. E claro, olhar com cuidado, sentir nossas distintas e comuns formas de respirar.
O momento inicial de convivência com as/os servidoras/es e o espaço da Secretaria também resulta no SECRIA, projeto coletivo desenvolvido pelos artistas residentes junto aos funcionários. Mais informações sobre essa proposta podem ser acessadas aqui.